Os períodos históricos na História da Música Ocidental

A partir da queda do Império Romano do Ocidente, a História da Música Ocidental¹ pode ser dividida nos períodos históricos a seguir indicados. Vale a pena ressalvar que as datas de início e fim de cada um destes períodos são sempre aproximadas e indicativas, mesmo que estas resultem, em alguns casos, de convenções bem enraizadas na tradição musicológica, nomeadamente na sua vertente historiográfica.

  1. Período Medieval (ou) Idade Média (400 a 1450) => Com a decadência do Império Romano do Ocidente e a implantação do cristianismo, a Igreja passa a ter um papel decisivo na evolução da música. Sendo, entre outros, este o período em que se sistematiza o canto litúrgico da Igreja Apostólica Romana, conhecido como Canto Gregoriano ou Cantochão, o seu final é caracterizado um subperíodo que em parte antecipa os ideais Renascentistas, conhecido como Ars Nova, nome de um importantíssimo tratado intitulado de Ars Nova Musicae escrito por Philippe de Vitry, por volta de 1320, e no qual se propõem as bases para uma notação rítmica, por figuras, como aquela que ainda hoje nós usamos. 
  2. Período Renascentista (1450 a 1600) => O estilo musical predominante neste período é a polifonia Coral. É nesta época que também começam a surgir as primeiras obras musicais apenas para Instrumentos -- como o alaúde --, algo que irá assumir uma cada vez maior importância em períodos históricos posteriores. Este é o período da História da Música Ocidental onde o foco principal na música vocal, advindo do uso da música na liturgia, passa progressivamente em importância para uma musica predominantemente, ou mesmo exclusivamente, Instrumental.
  3. Período Barroco (1600 a 1750) => Neste período começam a surgir as primeiras orquestras que posteriormente darão origem, já na segunda metade do século XVIII, à Orquestra Sinfônica que hoje conhecemos. O estilo Barroco consiste em ritmos energéticos, melodias bastante ornamentadas, alternando entre sons fortes e fracos, contrastando Instrumentos de diferentes timbres. Alguns dos principais compositores desta época são: Cláudio Monteverdi, Jean-Baptiste Lully, Arcangelo Corelli, Alessandro Scarlatti, Antonio Vivaldi, George Telemann, Johann Sebastian Bach, Georg Händel, e Domenico Scarlatti.
  4. Período Clássico (1750 a 1810) => Novos instrumentos musicais vão sendo incorporados às Orquestras -- como é o caso do Clarinete --, e estas vão aumentando de dimensão. A música passa a ser menos complexa do que no período histórico anterior, i.e., do que no Barroco, procurando-se realçar a graça e a beleza das melodias, ao mesmo tempo que se simplificam as harmonias e as formas musicais utilizadas. Foram compositores destacados deste período histórico: Wolfgang Amadeus Mozart, Christoph Gluck, Carl Phillip Emanuel Bach, Johann Stamitz e Joseph Haydn. Ludwig van Beethoven é um compositor de transição entre este período histórico e o Romantismo.
  5. Período Romântico (1810 a 1900) => Neste período a Orquestra Sinfônica atinge o seu apogeu em quantidade e tipo de Instrumentos musicais que a integram. Os compositores deste período procuram romper com o Período Clássico, desestabilizando uma música por eles considerada ultrapassada. Desta forma, promoveram a liberdade da forma musical, uma maior expressividade das emoções, dando um enfase maior à harmonia. Houve ainda um maior interesse em consolidar uma Música Nacional ligado ao surgimento dos movimentos nacionalista, em especial a partir da década de 1870, mesmo que as suas raízes remontem ao século XVIII e às Revoluções Industrial e Francesa. Neste intuito, recorreram a lendas e a canções folclóricas, procurando forjar uma identidade nacional na música que compunham. Entre outros, são compositores de destaque nesta época: Frédéric Chopin, Robert Schumann, Piotr Tchaikovsky, Johannes Brahms, Felix Mendelssohn, Carl von Weber, Gioacchino Rossini, Franz Schubert, Hector Berlioz, Franz Liszt, Richard Wagner, Gustav Mahler, Richard Strauss, entre outros. No Brasil, Carlos Gomes alcançou grande prestígio com as suas óperas O Guarani, Fosca e O Escravo, óperas estas que misturam elementos operáticos italianos -- país onde o mesmo estudou -- com traços que se podem entender como já apelando a um nacionalismo brasileiro dadas algumas das temáticas tratadas nestas suas óperas.
  6. Período Moderno (ou) Contemporâneo (1900 em diante) => Este é caracterizado por uma ruptura ao nível da linguagem e das formas musicais utilizadas, advinda de uma via evolutiva, com raízes no nacionalismo (por exemplo, Claude Debussy, Gabriel Fauré ou Igor Stravinsky) ou de uma via revolucionária, com a destruição das estruturas melódicas, harmônicas e formais advindas do tonalismo predominante deste o período Barroco e até finais do século XIX (por exemplo, com Arnold Schönberg, Anton Webern e, já depois da segunda guerra mundial, com Pierre Boulez). Este é o período onde também surgem novas formas e gêneros musicais, como a música eletroacústica (Pierre Schaeffer e Pierre Henry) e a música eletrônica (Karlheinz Stockhausen), a par do jazz e de uma cada vez maior importância da música de raiz tradicional e popular, como por exemplo, no caso do Brasil, a Bossa Nova, ou mesmo a MPB em geral. Este é também um período dividido em diversas subdivisões heterogêneas, como os neoclássicos (Carl Orff, Paul Hindemith, Benjamin Britten, Heitor Villa-Lobos), os contemporâneos (Arnold Shönberg, Alban Berg, Anton Webern, Krzysztof Penderecki, Béla Bartók, Olivier Messiaen) e os vanguardistas (Pierre Boulez, Karlheinz Stockhausen, John Cage, entre outros).


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